domingo, 2 de janeiro de 2011

Dia 08/12/2010 – Quarta-feira / BANZEIRANDO – Uma Jornada Teatral pelos Rios da Amazônia / Diário de bordo e terra

Chicão saiu cedo pra produzir o Projeto na cidade, depois de horas voltou dizendo que hoje era feriado, dia da padroeira do Município, Nossa Senhora da Conceição. Não apresentaríamos neste dia, ficando tudo para dia nove, quinta-feira. Agendou apresentações na Escola Estadual de Ensino Médio Pedro Aguirre, pela manhã será o Léo, à tarde o Manjericão e à noite Tancredo e Nivaldo. No mais do dia foi pra aproveitar e organizar diários, roupas, etc.
Hoje foi dia de Oxum, no sul, mãe das águas nas religiões afro-brasileiras, tenho apreço por este orixá embora eu seja de Ogum (São Jorge no sincretismo). Aproveitei que parte do pessoal foi de voadeira tomar banho no rio Manicoré, de águas pretas, e saudar também a padroeira da cidade. Primeira vez que faço isso, pois não sei nadar e tenho medo de água em grande volume, pelos traumas de quase morrer afogado três vezes na vida. Mas me perguntava por que fazer isso? Entrei na voadeira e Nivaldo em tom de brincadeira logo comentou que eu mesmo com tal medo não havia pegado o colete salva-vidas. Logo entendi minha tranqüilidade ali no meio das águas do imenso Madeira. Porque até aqui sempre tive a impressão de estarmos sendo observados e protegidos. Durante toda a jornada até aqui, houve aquela sensação de um olhar que acompanha atentamente tudo que realizamos desde o dia 22 de novembro. Penso nos olhos desta floresta, a mata e os animais que acompanham, fiscalizam, conduzem nosso querer, que definem de certa forma como serão nossas ações nas águas e em terra. Embora pareça um tanto romântica esta visão, este sentimento de proteção da floresta é inegável pelos acontecimentos mais graves que estamos sendo conduzidos pela mãe das matas e águas na calha principal deste trecho de Brasil.
Chegamos em poucos minutos no rio, próximo do seu final onde deságua no Madeira, a água era muito quente até um metro de profundidade, depois disso ficava bem gelada, impressionante. Junto ao local havia um estaleiro onde aproveitei pra entender como se constroem e reformam estes barcos. Havia um barco em reforma semelhante ao nosso e Pão de queijo pode me explicar tudo que aconteceu no acidente mostrando as peças deste barco. Após, quando estávamos lá curtindo o rio, passou por nós uma canoa com três pessoas a bordo, remando de mansinho, estranhamos estarem assim, pois havia motor na canoa, mas logo esquecemos. Em poucos minutos levamos um susto tremendo com um ensurdecedor tiro de espingarda, eram os canoeiros caçando aves aquáticas. Fiquei observando e vi recolherem a ave, a janta estava garantida. Voltamos ao Nossa Senhora Aparecida I no cair da tarde, após a janta fui na lan house, mas não fiquei muito, pois aqui há queda de energia escalonada, falta em alguns bairros em outros não. Muito estranho, estava no meio de um email e de repente acabou a energia, todos levantaram rapidamente e fiquei com o pen drive grudado no PC sem entender porque da correria de todos. A atendente disse que era assim mesmo e nunca se sabe quando voltará à energia, o negócio é ir embora. Fui para a praça central, encontrei o pessoal numa sorveteria e por lá, onde havia luz, ficamos um tempo. Sequei o jogo do Goiás com o Independiente pela Sul americana de futebol, se o Independiente ganhar o Grêmio Futebol Porto Alegrense, com o quarto lugar no brasileirão, tem vaga garantida na Libertadores. Duas horas depois, após prorrogação e penalidades o Independiente ganha e o Grêmio está na Libertadores da América 2011, sensacional!!!
Outro apagão e a revoada diária de besouros gigantes declara que o feriado terminou pra todos, amanhã é outro dia no Banzeirando.


Vamo que vamo!!


Márcio Silveira dos Santos
Grupo Teatral Manjericão

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